No mês de novembro, participamos do 15° EFLAC – Encontro Feminista Latino Americano e Caribenho, em El Salvador, América Central. Foram quatro dias de programação e nós participamos de diversas atividades. Trazemos aqui alguns assuntos que surgiram deste encontro e que relacionam feminismo e tecnologia no nosso contexto regional:

  • Depois de uma pandemia que fez com que as pessoas estivessem muito mais tempo em ambientes digitais, tecendo relações nas condições que a virtualidade apresenta, foi muito legal esses dias de “presencial” para conhecer um pouco de tantas experiências e pontos de vista diferentes.
  • Conhecemos mais a fundo o trabalho de iniciativas muito inspiradoras, como a organização peruana HiperDerecho, que atua na área dos direitos e liberdades em contextos digitais.
  • Somos uma geração cronicamente online e estamos esgotadas! Organizações e ativistas feministas em toda a região estão falando bastante sobre a sustentabilidade do trabalho militante, descanso, práticas de cuidados individuais e coletivos, saúde mental e bem viver.
  • Enquanto o mundo inteiro se voltou para o digital, comunidades periféricas, indígenas, rurais e das florestas ainda encontram dificuldades no acesso à infraestrutura de internet e dispositivos de comunicação como celular e computador.
  • Praticamente todas as organizações, coletivas e ativistas independentes utilizam as redes sociais e o WhatsApp como principal meio de comunicação. Essa hegemonia das plataformas é um grande desafio que as feministas e pessoas que lutam por justiça social enfrentam em relação à segurança e autonomia.
  • Pessoas influenciadoras digitais ativistas trazem diversas questões que precisamos discutir em nossos espaços coletivos, como a Bárbara já falou aqui.
  • A segurança digital para ativistas ainda é uma questão que demanda bastante atenção e discussão das organizações e dos movimentos sociais, principalmente em grandes eventos. Muitas pessoas podem ter sua vida e sua segurança colocadas em risco por estarem em uma foto na internet, por exemplo.
  • Mulheres e adolescentes de todos os países da região sofrem perseguição misógina, racista e política na internet, principalmente nas redes sociais. Para as ativistas e pessoas envolvidas diretamente com movimentos de base e política institucional, essa perseguição é sistemática, acontece quase da mesma forma na Guatemala, no México, na Argentina ou no Brasil.
  • A popularidade e avanço das inteligências artificiais e as brechas normativas expõem o caráter misógino das nossas sociedades através dos diversos casos de manipulação de imagens de mulheres jovens, adolescentes e até crianças.
  • As empresas que controlam as plataformas digitais precisam ser responsabilizadas pelas incontáveis violações de direitos que acontecem nesses espaços e por reparação às vítimas que muitas vezes são menores de idade.

Estamos muito interessadas nesses assuntos e queremos pensar a respeito coletivamente 🙂. Se quiser entrar nessa conversa, nosso email é: contato@minasprogramam.com

 

No site do EFLAC tem a declaração final do evento em português: https://eflac.org