No Minas Programam, sempre fizemos o nosso trabalho com bastante consciência de que estamos pisando em terras novas, traçando caminhos para que meninas e mulheres negras possam trilhar novas possibilidades na tecnologia. Mas também sabemos que o mundo da tecnologia evoca essa ideia de novidade e ineditismo, que muitas vezes é superficial e completamente deslumbrada.

Em geral, nós reconhecemos os nossos desafios – de constituirmos uma organização feminista e antirracista na tecnologia – na trajetória de outras mulheres negras que deixaram registrados os seus conhecimentos e nós conseguimos acessá-los, isso é maravilhoso!

As pessoas que nos inspiram estão atuando na tecnologia ou são de outras áreas do conhecimento; são pessoas com e sem titulação acadêmica ou intelectuais independentes da escrita; nossas contemporâneas ou de bastante tempo atrás; brasileiras, de São Paulo, mas também de outros lugares e contextos. O que elas têm em comum?

Circulam seus conhecimentos para que coletivamente suas comunidades e outras mulheres possam imaginar futuros melhores.

Quando as feministas negras repetem a famosa frase de Jurema Werneck, “nossos passos vêm de longe”, elas recontam a história da sabedoria, da criatividade, da inteligência, do trabalho e da inovação que outras mulheres negras promoveram para si e para suas comunidades antes mesmo que nós estivéssemos aqui. 

Rumo à nossa primeira década de atuação, queremos honrar as que fizeram as nossas cabeças, as que nos ensinaram, que nos acolheram e nos ajudaram a encontrar alegria, esperança e também horizontes mais amplos para que pudéssemos imaginar novos futuros para meninas e mulheres negras.

Queremos reconhecer, agradecer e valorizar o trabalho das mulheres negras. Entendemos a importância de atribuir a devida autoria para as que estão dedicando tempo de vida, seus corpos e suas ideias para criar futuros melhores para si e para suas comunidades. Nós respeitamos os seus esforços.

Durante os próximos meses vamos relembrar alguns momentos importantes da nossa trajetória, destacar o trabalho das intelectuais que forjaram nosso pensamento crítico e das que estão nos influenciando atualmente. Paralelamente, vamos trazer referências de leituras, entrevistas e debates do nosso programa de formação em direitos digitais e justiça social, além de apresentar outros programas e iniciativas que realizam projetos nos quais nos inspiramos.

Com a publicação da memória coletiva do Minas Programam também queremos contribuir para que outras pessoas encontrem caminhos para se organizar coletivamente por justiça social na tecnologia. 

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O que nos inspirou a fazer essa publicação:

livros

https://www.blackwomenradicals.com/database