Minas, na semana passada entrevistamos a Lucy Anne de Omena, que já teve experiências em várias áreas da tecnologia. Ela tem 22 anos e está no segundo ano do curso de Ciência da Computação, mas antes disso cursou por três anos Engenharia da Inovação. 

Hoje, a Lucy é cientista, ela estuda redes neurais aplicadas à sínteses de voz, mas também estagia em ciência de dados no DataLab da Serasa. Leia abaixo um pouquinho mais da história e trajetória dessa mina incrível! 🙂

Minas Programam: Conta um pouquinho sobre sua trajetória na tecnologia

Lucy Anne: Eu comecei a ter contato com a área no ensino médio, que foi quando decidi fazer um técnico em informática para conseguir consertar o computador de casa, no curso acabei conhecendo a programação e gostando bastante já naquela época! Informática, hoje em dia referida como TI, era vista como suporte técnico, algo muito manual e pouco criativo, então na hora de escolher qual carreira seguir, fui para as engenharias acreditando que nesse caminho eu poderia criar coisas. 

Já durante a graduação de engenharia de inovação, sempre me envolvi com programação nos meus projetos, e foi assim que decidi focar meus estudos em inovação tecnológica. Mas logo que tomei essa decisão, meu curso anunciou que fecharia por falta de verba para continuar operando e eu e minha turma tivemos de nos virar para encontrar outro curso a partir dali. Discussão vai, discussão vem, resolvi partir para a ciência da computação. Na época, eu estava estagiando em ciência de dados na Centauro, mais especificamente na parte que faz ponte entre a área de negócios e a de dados. Foi uma experiência muito enriquecedora pra mim, e foi onde comecei a conhecer a área, o pessoal e a fazer algumas análises. 

Minas Programam: E como foi seu contato com o estudo de tecnologia e programação?  

Lucy Anne: Até hoje acho engraçado como eu fugi da programação e voltei para ela depois, com outra cabeça. Os meus anos em engenharia de inovação foram maravilhosos, principalmente por causa de todos os meus colegas e professores que tornaram o ambiente de estudo acolhedor e motivador para que todos criássemos projetos com liberdade de experimentar e discutir nossas ideias dentro e fora de aula. Hoje, vejo que essas experiências fizeram toda diferença em quem eu me tornei: aprendi a abordar problemas e compreender melhor as dificuldades e necessidades das pessoas na tecnologia. E é por causa dessas vivências que penso em dar aulas na área de tecnologia e computação mais para frente.

Minas Programam: Como foram suas experiências trabalhando na área?  

Lucy Anne: Quando entrei no meu primeiro estágio de ciência de dados, eu conheci na prática como os modelos e algoritmos eram utilizados no mercado, especificamente no mercado de varejo. Depois de um tempo aprendendo com meus colegas de trabalho, percebi o quanto me faltava de teoria (tanto de aprendizagem de máquina, quanto da computação) e esse foi um dos maiores motivos que me fizeram ir para ciência da computação após o fechamento do meu curso – e não me arrependi em nada! Agora, tendo uma base teórica, consigo compreender, desenvolver e expressar melhor meu conhecimento na faculdade e no trabalho.

Também, estou finalizando minha iniciação científica no projeto ADA (Assistente Distribuída Avançada), que tem como objetivo desenvolver uma assistente virtual de código aberto. Nesse projeto, estou desenvolvendo uma voz para a assistente utilizando arquiteturas compostas por redes neurais de ponta a ponta para sintetização de voz, para que, a partir dela, seja possível a realização de testes de interação com a proposta da assistente se adaptar de forma mais natural às necessidades dos usuários.

A jornada do trabalho que estou atualmente começou no estágio de férias do DataLab, o Summer Lab. Nesta edição do Summer Lab todas as participantes eram mulheres, de diferentes perfis e realidades, o que tornou tudo mais especial. Passei esse tempo aprendendo sobre vieses em modelos de aprendizagem de máquina no contexto de crédito e implicações socioeconômicas, aspectos teóricos de modelos e conceitos, acompanhando a implementação de um novo score de crédito e estudando também como documentar esses modelos para garantir que eles tenham um desempenho aceitável em situações de estresse (isto é, quando os sistemas estão sobrecarregados) – ou, pelo menos, reconhecer comportamentos característicos do modelo. Essa experiência foi muito marcante pra mim, porque consegui perceber de forma clara qual é o impacto desse tipo de tecnologia na sociedade (que é tremendo, quase todos os campos do nosso cotidiano envolvem a utilização desses modelos), e perceber como é importante questionar a forma como são construídos. Hoje em dia, depois do estágio de férias, continuo nesse trabalho, mas com foco em me desenvolver tecnicamente.

Minas Programam: Quais suas perspectivas futuras?

Lucy Anne: No momento continuarei me desenvolvendo tecnicamente, muito provavelmente aprofundando tópicos que envolvem o mundo do crédito e de redes neurais (não necessariamente em conjunto haha), para logo mais retomar meu envolvimento com projetos de inovação.

Você pode acompanhar o trabalho da Lucy Anne por aqui.