No dia 17 de agosto formamos mais uma turma do curso de Introdução à Programação! 🙂 Esta foi a primeira vez que uma edição do curso do Minas Programam ocorreu totalmente a distância. Isso permitiu a troca de conhecimentos com meninas, mulheres e pessoas não-binárias do Brasil inteiro. Esta turma de introdução à programação foi majoritariamente composta por jovens negras (88,8%), sendo muitas delas mães (20%). Com o apoio de uma rede formada por professoras, monitoras e membras da equipe do Minas Programam, nossas alunas começaram uma jornada na programação. 

O curso durou três meses: foram pouco mais de 90 horas de aulas, chamadas de vídeo três vezes por semana, monitorias extras e muitas tarefas práticas. A nossa equipe de professoras e monitoras foi crucial! Elas muitas vezes ficaram até mais tarde com as alunas, e fizeram de tudo para que todo mundo conseguisse aprender e não desistisse. Nesses meses de curso, nossas alunas aprenderam sobre: Software Livre, Análise de Dados, Versionamento de códigos, Lógica de Programação, UX, FrontEnd, BackEnd e projetos em tecnologia.  

A Tabita e a Luiza, que além de monitoras do curso são ex-alunas do Minas Programam, contam que a interação nas aulas foi muito boa, ao ponto de continuarem as conversas sobre os temas para além da sala de aula (virtual). “O curso do Minas Programam, além de formar tecnologistas, constrói uma rede de mulheres negras, indígenas e periféricas que permite a formação de vínculos de afeto”, conta Tabita.

 

“Foi o Minas Programam que abriu as portas da minha jornada na programação, e é por causa dessa comunidade de meninas e mulheres que continuo tendo brilho nos olhos para aprender e seguir na área de tecnologia!”, explica Tabita.

Luiza ecoa as palavras de Tabita: “Desde o curso de 2019, eu tinha vontade de seguir nesta comunidade de mulheres pretas e periféricas, e voltar como monitora foi muito marcante, senti que pude trocar vivências e aprendizados com a comunidade do Minas Programam.”

Nossas alunas recém formadas também contaram pra gente um pouco sobre a experiência no curso. Luana Maria contou que o contexto da pandemia de COVID-19 foi um grande desafio no aprendizado: “Eu sou uma travesti negra periférica, várias questões atravessam a minha corporalidade. O mais difícil muitas vezes era me concentrar na aula e dar conta das atividades com tanta coisa acontecendo nesse contexto”. Luana enfatiza a importância de ter uma rede de mulheres negras na permanência no curso:

“Meu maior aprendizado durante o curso foi perceber o quanto é importante estarmos conectados enquanto rede coletiva. Cheguei no curso sem saber exatamente nada em programação fui me desenvolvendo aos poucos com o time de professoras incríveis que dão todo suporte necessário! Além disso, ter outras alunas dispostas a dialogar e trocar o conhecimento, foi essencial para mim!” 

Para nossa aluna, Bianca Trindade, o maior aprendizado foi “saber respeitar [seu] tempo de aprendizagem”. Ela conta que o fato do curso do Minas Programam ter proporcionado um ambiente saudável de estudo foi o que a permitiu ter essa perspectiva. A Bianca explicou que seu maior aprendizado foi de fato aprender a entender a linguagem de programação: “a programação é uma área que à primeira vista pode parecer um bicho de sete cabeças, mas o Minas Programam organizou essas sete cabeças”.

Algumas das nossas alunas já conseguiram ingressar no mercado de trabalho de Tecnologia. Ficamos muito felizes e perguntamos para a Camila, que hoje faz um estágio na área, como tem sido a experiência:

“Com o curso ganhei confiança e descobri que se eu errar ou não saber algo, está tudo bem, isso é normal. Foi com as bases das aulas de Introdução à Programação que pude conseguir uma vaga de estágio e iniciar minha carreira na programação”, conta Camila. 

Agradecemos muito à comunidade do Minas Programam pela contribuição e apoio para realização destas atividades, tanto nossos financiadores internacionais (alô, FRIDA Young Feminist Fund e Epic Games!), quanto vocês que acompanham nosso trabalho e nos apoiaram com doações. Com esses recursos conseguimos doar computadores para nossas alunas acompanharem o curso e oferecer apoio financeiro para custear internet, reparos técnicos, e outras coisas indispensáveis.

Assim como em nossas outras atividades, nos propusemos a construir este curso como espaço acolhedor para que meninas e mulheres negras e indígenas pudessem alcançar o sonho de aprender a programar. Pensamos com muito carinho em cada detalhe para que cada aula seja didática e faça sentido para as realidades sociais de nossas alunas e estamos super felizes com os resultados. Em setembro, começamos mais uma edição do curso e ao longo dos próximos meses compartilharemos por aqui as novidades.