No dia 15 de julho, E. Tendayi Achiume, a relatora especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo publicou um relatório sobre como muitas tecnologias digitais reforçam e pioram a desigualdade racial e o racismo. Reunimos aqui alguns pontos do relatório:
- “A tecnologia não é neutra, nem objetiva” disse Tendayi Achiume para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. “A tecnologia é fundamentalmente moldada por desigualdades raciais, étnicas, de gênero e outras prevalentes na sociedade, e tipicamente piora essas desigualdades. E isso resulta em discriminação e tratamento desigual em todas as áreas da vida, da educação à empregabilidade, do acesso à saúde à justiça criminal”. (fonte: OHCHR)
- O relatório mostra que desigualdades, vieses e suposições existentes no design e uso de tecnologias digitais ameaçam os direitos humanos de grupos marginalizados e racializados.
- O problema não é só o racismo, a xenofobia e a intolerância. A especialista E. Tendayi Achiume explicou que corporações como o facebook têm modelos de negócio que se beneficiam da desinformação, da discriminação e da intolerância. Além disso, muitos governos têm adotado algoritmos que estruturalmente são feitos para discriminar grupos marginalizados.
- Precisamos adotar uma abordagem estrutural e interseccional de direitos humanos para regular as tecnologias digitais, pois uma resposta eficaz à discriminação racial deve incluir esforços para quebrar as estruturas de poder nos setores que tomam decisões sobre o design e o uso dessas tecnologias, incluindo empresas privadas de tecnologia, instituições de pesquisa e órgãos reguladores públicos.
- Os Estados têm a obrigação de prevenir e eliminar a discriminação racial no design e no uso dessas tecnologias. Esse processo exige a inclusão de minorias étnicas e raciais no processo de tomada de decisão da indústria.
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, o relatório está publicado aqui e um discurso da Tendayi Achiume está disponível aqui.