O Minas Programam é uma iniciativa criada em 2015 para desafiar os estereótipos de gênero e de raça que influenciam nossa relação com as áreas de ciências, tecnologia e computação.

Promovemos oportunidades de aprendizado sobre programação para meninas e mulheres, priorizando àquelas que são negras ou indígenas.

Uma parte fundamental do Minas Programam é a compreensão de que fatores sociais como o machismo e o racismo no Brasil afetam a forma com a qual meninas e mulheres interagem com tecnologia e, consequentemente, os tipos de tecnologias que são criadas.

Quando pensamos no perfil de uma pessoa da área de ciências, exatas e tecnologia, quase sempre visualizamos um homem. Não há campos de atuação onde as mulheres estejam livres de machismo, mas no mercado de TI o predomínio masculino é latente.

25% dos meninos

e 24% das meninas

querem trabalhar com ciência, porém em áreas diferentes: meninas manifestam mais interesse na área da saúde do que os meninos; e eles querem trabalhar com TI, serem cientistas ou engenheiros mais do que as meninas. (OCDE, 2015)

apenas 35% das pessoas que estudam coisas relacionadas a ciências, tecnologia, matemática e engenharia são mulheres.
(
Unesco)

no Brasil, apenas 15% das pessoas matriculadas em cursos de ciência da computação e engenharia são mulheres.
(
Fonte)

mulheres representam só 17% das programadoras, segundo a Sociedade Brasileira de Computação.
(
Fonte)

Esse predomínio tende a ser naturalizado culturalmente, fazendo com que sejamos levadas a crer que homens são biologicamente mais aptos para programar e mulheres mais adequadas a lidar com relações interpessoais, por exemplo.

O Minas Programam existe para mostrar que essas supostas aptidões são construídas socialmente e acabam limitando o escopo de atuação de meninas e mulheres desde seu desenvolvimento na infância. Mães e pais não sonham que suas filhas se tornem programadoras, tampouco as meninas encontram muitas referências femininas nas áreas de exatas.

Como consequência desse contexto de falta de estímulo, de oportunidades, e de referências; as mulheres enfrentam mais obstáculos para aprender e se engajar com as áreas de ciências, tecnologia e computação.

Para mulheres negras o cenário é ainda pior. Além de predominantemente masculina, a tecnologia ainda é um ambiente predominantemente branco.

Mulheres negras sofrem constantes ataques à sua autoestima intelectual ao longo de sua trajetória educacional l, o que acaba as afastando da perspectiva de entrar na universidade e de trabalhar com áreas relacionadas a ciências, tecnologia, engenharias e matemática. E o problema se estende para o mercado de trabalho: basta uma busca rápida para encontrar diversos textos que falam sobre como as empresas de tecnologia não contratam pessoas negras.

O Minas Programam existe para garantir que essas mulheres tenham um espaço para aprender e compartilhar conhecimento.

(saiba mais sobre esse tema aqui)

Oficina WordPretas

Os aprimoramentos tecnológicos que que vão surgindo, assim como os problemas que essas novas tecnologias procuram resolver, são influenciados por quem está trabalhando com essas inovações, criando, testando e modificando. A participação de mais mulheres e, especificamente mulheres negras, nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática afeta diretamente a maneira com que essas mulheres, suas necessidades e suas ideias são representadas nessas áreas.

O Minas Programam foi fundado em 2015 por Ariane Cor, Fernanda Balbino e Bárbara Paes. O projeto surgiu da vontade de desconstruir estereótipos de gênero e de raça que influenciam nossa relação com as áreas de ciências, tecnologia e computação. Oferecemos oportunidades de aprendizado sobre programação para meninas e mulheres que querem aprender a programar, mas não sabem por onde começar.

Vivemos em uma sociedade marcada pelo racismo e pelo machismo – e isso muitas vezes determina quem são as pessoas que têm a possibilidade de aprender, se engajar e trabalhar com tecnologia. Esse contexto acaba sendo excludente: para mulheres, para pessoas negras e indígenas, e para pessoas LGBTI, por exemplo. Essa exclusão afeta não só as nossas percepções sobre quem se envolve ou não com tecnologia, mas influencia também os usos que fazemos da tecnologia e os tipos de soluções que elaboramos.

Para criarmos tecnologias inovadoras e que refletem nossas realidades, é preciso que estejamos equipadas com conhecimento! Por isso, um dos nossos objetivos fundamentais é democratizar o acesso à tecnologia, procurando garantir que mais meninas e mulheres tenham espaço para aprender e criar.

Realizamos cursos de introdução à programação, oficinas, treinamentos e debates. As nossas atividades são gratuitas e todas as professoras e instrutoras são mulheres. O que dá sentido ao Minas Programam é a nossa determinação em compartilhar conhecimento com aquelas de nós que comumente enfrentam mais obstáculos para aprender a programar. Por esse motivo, ao longo dos anos, temos priorizado a partilha de saberes sobre tecnologia com e entre mulheres negras.