Refletindo sobre os 5 anos de Minas Programam

É difícil explicar o que significam os cinco anos do Minas Programam, mas vamos tentar.

Em “poetry is not a luxury” (poesia não é um luxo, em português) a autora Audre Lorde expande o significado da palavra “poesia”. Para Audre, poesia é o processo através do qual mulheres negras sentem suas vidas, visualizam as mudanças que querem e concretizam isso em ações. Poesia é quando as coisas que sentimos e sonhamos abrem espaço para as coisas que vamos criar.

Imaginar novas possibilidades não é um luxo, é o que nos move na direção certa. E foi a partir da vontade de materializar novas possibilidades para meninas e mulheres que criamos o Minas Programam em 2015.

Nossos números contam uma história:

Desde 2015, quando o projeto Minas Programam foi criado, nós já tivemos diversos cursos de introdução à programação, com turmas de mais ou menos 30 meninas por ano.

Temos cerca de 150 alunas que ativamente constroem nossa comunidade, trocando informações sobre ciência, tecnologia e carreira.

Também tivemos cursos de Python para dados, oficinas de JavaScript, de WordPress, de Segurança Digital, um grupo de estudos de tecnologia, gênero e raça, palestras, meetups e hackathons sem fim…

Mais de 2000 pessoas participaram das nossas atividades!

Em Janeiro deste ano, nós fizemos uma pesquisa para entender como o projeto fez parte das histórias dessas pessoas, foi assim que descobrimos que 60% das nossas ex-alunas está trabalhando com programação ou com tecnologia e 30% continua interessada em programação, mesmo sem trabalhar na área.

Mas não são os nossos números que nos fazem ter mais orgulho.

 

Com essa pesquisa, nossas alunas nos falaram da importância de ter aprendido programação em um projeto acolhedor, feminista, que considera as diferentes necessidades e realidades.

Construir redes de apoio e trocas de conhecimento tem sido o resultado mais marcante da história do Minas Programam. Nos últimos 5 anos tivemos parceiros importantes que financiaram nossas atividades como o Frida | Fundo Feminista Jovem e a Fundação Tide Setubal. Também tivemos parcerias com pessoas que colocaram a mão na massa na execução e desenho de projetos e oficinas como o pessoal do Galpão ZL, as mulheres cientistas que constroem a página Preta e Acadêmica, nossas companheiras do PretaLab e do MariaLab.

As meninas e mulheres que passaram por nossos cursos e oficinas são parte importante dessa rede que continua a se expandir.

A possibilidade de multiplicar o conhecimento, e espalhar por aí a sensação de que todas nós podemos criar e pensar tecnologia é uma coisa que nos deixa muito feliz.

Dentre as alunas que responderam a nossa pesquisa, 70% incentiva mães, sobrinhas, amigas e colegas de curso a aprender a programar! Muitas estão gravando vídeos sobre programação e sendo professoras em outros projetos, como a Amanda (turma 2018) e a Hemilyn (turma 2015).

“A minha principal memória em relação ao Minas Programam é a sensação de que eu poderia de GRANDE. Ser grande em qualquer área que eu fosse investir, eu iria conseguir e ser muito boa naquilo. Era possível eu estar ocupando aquele espaço e ser boa, inclusive como programadora!”

Gabrielle

Turma de 2018

“O curso mudou a minha vida, sem exageros. Me fez enxergar que eu não preciso ser um gênio da matemática para programar, nem preciso programar para trabalhar com tecnologia. Me fez ver que a presença de mulheres como eu na construção de um mundo digital não só é possível, como absolutamente necessária.”

Amy

Turma de 2018

“O curso Minas Programam me mostrou o quanto eu sou capaz de aprender em tão pouco tempo.”

Julia

Turma de 2018

“Me senti acolhida, aprendi tanto com as meninas e professoras… Me tornei amiga de algumas que até hoje convivo. Foi um ambiente incrível, cheio de amor, empatia, carinho, aprendizado.”

Lúcia

Turma de 2017

“Era uma sensação de união estar em um ambiente cheio de mulheres (e a maioria negras), todas juntas para aprender a mesma coisa.”

Aluna

Turma de 2017

“Eu aprendi a conhecer a minha capacidade, a me respeitar como mulher e respeitar todas ao meu redor.”

Amanda

Turma de 2017

“Uma das melhores lembranças que eu tenho sobre o curso é o contato com mulheres incríveis, que vieram de lugares diferentes e vivem em realidades diferentes e apesar de todos os desafios, se desafiaram para aprender algo novo e algumas delas até seguiram na área de fato. Para mim, uma adolescente de 17 anos, isso é muito inspirador e me motiva a continuar acreditando nos meus sonhos”

Aretha

Turma de 2019

“Com o Minas Programam, me acostumei com a sensação de poder errar. Errar e saber que está tudo bem, pois faz parte do processo de aprendizagem.”

Sara

Turma de 2018

“Foi uma introdução fundamental para que eu conseguisse aprender sozinha. Antes era bem mais difícil estudar sozinha com cursos online. Agora, com a base do Minas Programam, eu consigo fazer isso com muito mais facilidade”

Amanda

Turma de 2019

“Hoje eu tenho orgulho de quem eu sou, do que posso fazer e do que eu farei para outras pessoas.”

Mara

Turma de 2019

Em um país que nunca teve a intenção de ser um lugar onde meninas e mulheres negras pudessem sonhar, ter suas subjetividades e acessar conhecimento, é incrível poder criar um espaço para novas possibilidades. Nós do Minas Programam não temos todas as respostas para materializar o mundo que queremos, mas estamos cada vez mais dispostas a buscar por soluções com todas vocês.

Obrigada 🙂