Dona Angélica, Dona Antonia e Dona Veridiana são nomes que não apenas marcam a história da cidade de São Paulo como marcam a própria ocupação das adjacências da atual Avenida Paulista. Foram mulheres de tradicionais famílias aristocratas.

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Casarão de Dona Angélica.

Maria Angélica de Sousa Queirós é considerada uma das três senhoras fundadoras do bairro de Higienópolis, a partir dos altos de Santa Cecília, juntamente com Dona Veridiana Valéria da Silva Prado (da Rua Dona Veridiana) e Dona Maria Antônia da Silva Ramos (da Rua Maria Antônia). O bairro foi ocupado em seu início por chácaras e posteriormente por ricos palacetes da elite, mais tarde demolidos para darem lugar a edifícios residenciais em sua grande maioria. A Avenida Angélica trata-se de uma referência a Dona Maria Angélica, situando-se seu palacete na esquina com a Alameda Barros, posteriormente demolido.

Veridiana Valéria da Silva Prado foi uma aristocrata, proprietária de terras e intelectual brasileira. Uma mulher da elite que marcou profundamente a vida cultural da cidade. Morava desde 1848 em sua chácara na Rua da Consolação, em um sobrado de taipa do século XVIII, ao lado da Igreja da Consolação, utilizando-o em suas temporadas em São Paulo, quando deixava a Fazenda Campo Alto, onde residia com seu marido, próspero cafeicultor. Em 1877, o casal se separou. Isso foi um choque para os costumes da época.

Veridiana passou a ocupar a parte inferior da casa e seu marido a parte superior. No ano seguinte, ela adquiriu o terreno onde veio a construir seu palacete, em estilo europeu francês, com material totalmente importado, ocupando uma grande área, desde a antiga Rua de Santa Cecília (atual Rua Dona Veridiana) até a atual Avenida Angélica, com divisa entre a avenida Higienópolis e a atual Rua Jaguaribe. A propriedade, com belos jardins, pomar e um campo de futebol, recebeu o nome de Chácara Vila Maria. De educação refinada e muito Promovia em sua chácara encontros de intelectuais, artistas, políticos e cientistas, sediando reuniões sociais e culturais que impulsionaram debates políticos e literários. Também patrocinava exposições de arte, companhias teatrais e eventos esportivos, moda que copiara da Europa – como as corridas de bicicleta e o futebol.

Diante das consideradas ousadias de Veridiana Prado, algumas pessoas passaram de fofocas para as ameaças de morte, mas ela não se intimidou. Continuou com as suas atitudes de desafio, como a de andar sozinha pelas ruas quase até sua morte.

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Casarão que pertenceu à Dona Veridiana, ao final da rua Maria Antonia, já na esquina com a Avenida Higienópolis, hoje abriga o Iate Clube Santos.

Dona Maria Antônia da Silva Ramos (Castro, antiga Província do Paraná, 1815 – 1902, São Paulo), senhora da sociedade paulistana, filha do senador do Império João da Silva Machado, Barão de Antonina, e que possuía no local uma chácara de criar que não possuía casa sede, e onde não residia, pois residia na Rua de São João, como a elite de sua época, utilizando aquelas terras para pomar e pasto de seus cavalos, que eram para ali levados por seus escravos, da qual vendeu uma área em 1874, ao reverendo Chamberlain por 800 mil réis e que seria futuramente o campus da Universidade Mackenzie.

Atualmente restam apenas 4 casarões dessa época na Avenida Paulista: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1309326-apenas-quatro-casaroes-ainda-sobrevivem-na-avenida-paulista.shtml